sexta-feira, 4 de maio de 2007

Justiça Popular

Quem é que já não esteve envolvido em diálogos em que o silêncio seria melhor posição adoptada (por nós ou por outros)?
Numa discussão, acerca da beleza de fenómenos naturais (daqueles que provocam uma intensa destruição), acabei por perder uma oportunidade para ficar calado, ao referir que: gostava (erro1: deveria ter dito “admirava”) de ver os incêndios e a destruição causada (erro 2: toda a frase, na verdade eu gosto mesmo é de ver como somos pequeninos quando nos comparamos à natureza).
Bem a partir daqui comecei a ver a minha vida toda a passar à frente dos meus olhos. Sobretudo como sou um péssimo cidadão, familiar, amigo e até filho. Peço desculpa ao meu pai (que também me censura em alguns dos pontos seguintes) e que era Bombeiro Sapador [aqueles que tem mesmo de ir e que ganham bem (??????)].
Numa primeira parte da conversa falou-se de mártires (ou seus candidatos), dos soldados da paz para ser mais preciso. Não de todos, mas daqueles que pertencem a Companhias de Voluntários, esses senhores que não recebem dinheiro (não foi referido que alguns desses recebem, mas isso todos sabem) e que só estão ali por amor á camisola (não tenho duvidas que muitos sim, não todos, …nem de perto) colocando a sua vida em risco por nada. É que por muito que se dê será sempre nada, pois a vida humana não tem preço.
Esta foi a parte menos problemática do tema (na minha perspectiva). Aliás só a refiro para contextualizar um aspecto. É que a glorificação de determinados indivíduos, neste caso bombeiros, era algo que excedia desmedidamente o emotivo, provocado talvez por graus de parentesco.
Prova disso, é que no seguimento daquela discussão ouvi algo que me acompanha desde a minha infância. Naquele momento parecia-me ouvir os meus familiares (fossem eles bombeiros ou não), mas essa impressão rapidamente desapareceu e surgi numa realidade paralela, no meio de uma manifestação á porta do tribunal a reclamar por justiça popular.
O que estava em julgamento eram doentes e/ou deficientes mentais, que eram incendiários e assim para além dos crimes contra a natureza, estes colocam a vida de pessoas em perigo. Como tal, nada justificaria que estes fossem declarados inimputáveis contra os crimes cometidos.
Na verdade reclamou-se que estes criminosos deveriam ser queimados ao mesmo tempo que os seus próprios crimes. Daqui arrependo-me de não ter defendido seriamente os criminosos.
A falta de respeito demonstrada para com pessoas que sofrem de determinada patologia, para com pessoas que estão doentes e/ou são portadoras de deficiência, é algo muito vincado na nossa sociedade. É muito fácil de ouvir a discriminação em prol da justiça popular e considerar isso como normal e bastante positivo.
Descriminar doentes mentais é muito uma questão de ignorância a roçar cinismo. Porque se a pessoa tem cancro é um ai Jesus, se é paralítica é uma coitadinha, se é doente mental é falta de porrada.
É que para o bem e para o mal, o que está longe da vista está longe do coração.

3 comentários:

White Box disse...

Subscrevo inteiramente... mas isso tu já sabes... eu desperdiço tds as oportunidades de estar calada... e discuto! :)
Mas, sim... concordo inteiramente com o que dizes aqui! ;p

Ghost disse...

Pois, que posso eu dizer? Mais valia estar calada, é certo!
Mas também estou indignada!!!
Caramba, eu até respeito a ignorância, mas de velhotes que só vêem naquela direcção e que não vão mudar de opinião... mas de pessoas que têm formação suficiente para perceber... e mais! de pessoas que têm acesso a informação! É ridiculo não se poder dizer que a natureza é linda, poderosa, fabulosa, quer esteja perfeita quer destruída.
Eu sou doida pelo Jardim Botânico e por tudo o que é a natureza viva (obviamente, ponho de parte os insectos e os anfíbios...), mas também fico deslumbrada com a natureza destruída e indefesa, qual é o problema?
Peço desculpa pelo tamanho do comentário mas acho ridículo as pessoas só verem para um lado!

Anónimo disse...

patolohgico ou n, arrancava os tomates a todos os pedohfilos que encontrasse..